Por Eduardo Fonseca*
Parafraseando o famoso ditado popular que serve para enaltecer algo ou alguém, quando se diz: “só falta fazer chover”, inicio esse texto sobre a influência dos micro-organismos na formação das chuvas em todo o planeta! A presença de micro-organismos, principalmente bactérias, em nuvens já foi relatado há décadas por inúmeras pesquisas, não se trata de uma novidade afirmar que as nuvens estão repletas de micro-organismos. O fato que nos chama atenção, é a informação revelada por pesquisadores da Universidade de Louisiana sobre a influência direta desses micro-organismos na formação da chuva e também da neve, demostrando que os mesmos estão diretamente ligados à regulação da quantidade de chuva e neve em todo o planeta! Nos estudos liderados pelo professor Christner e seu grupo de pesquisa, através das análises de amostras de água da chuva e neve de diferentes regiões geográficas, descobriu-se que esses seres microscópicos desempenham papel protagonista como “nucleadores de gelo” conhecidos através da sigla em inglês IN (ice nucleators), sendo responsáveis pela formação da chuva nas nuvens. Basicamente, as nuvens são formadas a partir da contínua evaporação das águas dos oceanos, rios, florestas e até mesmo do nosso próprio corpo, por transpiração. Essa massa de vapor d´água e outros gases se somam a outro componente da nuvem; denominado aerossol, que pode ser definido como uma mistura de partículas e substâncias de diferentes origens que se encontram em suspensão nas grandes massas de gases atmosféricos. Dentro desse aerossol, existe o bioaerossol, que é feito exclusivamente por partículas e fragmentos derivados de matéria orgânica, tais como células bacterianas, fungos, células vegetais e animais, poeiras entre outros. Os micro-organismos, principalmente bactérias, se integram ao bioaerossol a partir das colônias presentes nas superfícies das plantas, solos e outros substratos naturais que são carreadas à troposfera (localizada à aproximadamente 11km de altitude), pela ação combinada de correntes de vento, temperatura e pressão. Uma vez em suspensão nas grandes altitudes, eles passam a compor o bioaerossol nas nuvens, e agem como nucleadoras, pontos de referência de agregação das moléculas de água, que vão gradativamente aumentando seu tamanho e peso em volta desses núcleos, e se transformando em pequenos cristais de gelo. Sem os pontos nucleadores, esses cristais só se formariam espontaneamente em temperaturas abaixo de 40°C!
Dependendo das condições climáticas de determinada região, esses milhares de cristais de gelo que se encontram no interior das nuvens poderão literalmente cair, se precipitar por ação da gravidade e dar origem à tímidas garoas até perigosas tempestades, desde convidativas manhãs de neve à sombrias nevascas!
*Eduardo Fonseca é doutor em microbiologia pelo Instituto de Microbiologia Paulo de Góes – Universidade federal do Rio de Janeiro.
Texto revisado e editado por Caio Rachid
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