Por Thais Barbosa*

Os microrganismos, de maneira geral, viram assunto frequente quando são causadores de doenças. De repente, todos sabem tudo sobre o vírus da gripe ou sobre a espécie bacteriana que, de forma misteriosa, já acometeu várias pessoas em uma região próxima o bastante para nos preocuparmos. No entanto, estes não são os únicos tipos microbianos interessantes. Alguns, por exemplo, podem até nos saciar e, com isso, trazer uma série de benefícios a nossa saúde.

Não, não estamos sugerindo que contatem seus nutricionistas pedindo uma dieta rica em bactérias – apesar de espécies do gênero Lactobacillus serem extremamente importantes para nós, atuando até na regulação do estresse (veja aqui) -, falamos sobre a frutificação dos fungos: os cogumelos. É válido destacar que nem todos os fungos são cogumelos ou se parecem com eles, mas todos os cogumelos são fungos.

Cogumelos são nossos velhos conhecidos, não só apenas por enfeitarem o nosso ambiente, mas também no que diz respeito à alimentação e saúde. São uma boa fonte de vitaminas B e D, sendo eles a única fonte de vitamina D em uma dieta vegana (sem consumo de produtos de origem animal). Contêm também minerais importantes, como selênio, potássio e fósforo.

O potencial terapêutico destes fungos comestíveis é conhecido e utilizado há tempos na medicina popular ocidental e oriental, embora poucos testes tenham sido feitos para comprovar tais propriedades. Em alguns estudos já foi visto que cogumelos podem influenciar positivamente no tratamento e prevenção de diabetes, asma, hepatites e vários tipos de câncer, dentre eles o câncer de mama.

Um estudo epidemiológico, em mulheres na fase pós-menopausa e pré-menopausa, avaliou a relação da presença de cogumelos na dieta, com o risco de ter o câncer de mama. Como conclusão, os pesquisadores observaram que quanto maior a quantidade destes fungos na dieta, menores são as chances de se ter a doença.

Em testes de laboratório, extratos dos microrganismos Coprinus comatus (cogumelo conhecido como peruca de advogado) e Flammulina velutipes (cogumelos agulha de ouro) foram capazes de inibir o crescimento e proliferação de células cancerígenas, bem como de induzir a morte de células tumorais in vitro.

Podemos concluir que risotos de funghi e similares podem ser muito mais do que deliciosos alimentos. Ainda que não devamos sair por aí colhendo cogumelos desmedidamente (alguns podem ser venenosos!), eles podem nos prevenir de várias doenças. A investigação científica, no entanto, ainda é extremamente necessária para que possamos entender estes microrganismos e todas as formas com as quais eles podem nos ajudar.

Texto revisado e editado por Caio Rachid

*Thais Barbosa é aluna de graduação de Comunicação Social (ECO – UFRJ), ex-aluna do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da UFRJ e faz parte da equipe do CurtaMicro.

Referência:Roupas, Peter, et al. “The role of edible mushrooms in health: Evaluation of the evidence.” Journal of Functional Foods 4.4 (2012): 687-709.

O poder dos cogumelos
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